RAIMUNDO JOSÉ DO NASCIMENTO, carinhosamente conhecido por Raimundinho, nasceu em ESTÂNCIA-SE, em 10 de julho de 1944. Filho de Manoel Alves do Nascimento e de Maria Joana do Nascimento. É casado com Orisvalda Nunes Barreto Nascimento e possui dois filhos Sayonara e Igor.
Raimundinho começou a jogar futebol aos 13 anos de idade, pelo Juvenil do América de Estância, dirigido por João de França, conhecido na cidade por "João Cobrinha" e que era funcionário dos Correios. “Em face da idade, fui para o 2º Quadro, formando a ala esquerda com o aplaudido Nel da professora dona Rosa em que, também se destacavam como verdadeiros ídolos mirins Petém e Edy de seu Peninha", lembrou.
No 1º Quadro do América, jogavam os craques mais amadurecidos, como Dedé Manica, Piloto, Zito Aguiar, João Alemão, Jurandi Camelier, Afogado, Du, Madureira e Izaías (Curió).
Raimundinho lembra, que, no dia que o América jogava, o campo do antigo Cruzeiro Sport Club, enchia, até para assistir o 2º Quadro. “Em suma, o Juvenil do América, era um ‘teatro musical’, bola de pé a pé com finalizações perfeitas. Todos os atletas do Juvenil, jogaram nos times principais de Estância, tanto do Estanciano como do Santa Cruz, e, até mesmo de outros estados da Federação.
Logo depois apareceu em Estância, o "futebol da bola pesada”, atual futebol de salão ou futsal, em que Raimundinho e outros moradores do "Parque Velho" (hoje Praça Orlando Gomes), criaram o União Futebol de Salão, que se sagrou o primeiro e único Campeão da Liga Estanciana, fundada pelo proprietário do SERIGY, “o melhor elenco da cidade”, mas que perdeu a final para o União por 1x0, gol marcado por Raimundinho, na Quadra de Esporte do bairro Santa Cruz.
Raimundinho revela, que diante da vitória do União Futebol de Salão, "olheiros" torcedores do Santa Cruz, convenceram que ele, Jurandi (não aquele do Juvenil do América) e José Carlos, filho de dona Margarida, que era proprietária do Hotel Dom Bosco, a irem para o Santa Cruz, que estava em processo de renovação. “Nós três, o “Trio do Comércio” (como nos denominava como deboche a elite da cidade), fomos em pouco tempo guinados ao time principal com duas exibições de gala, a estreia com o Confiança, que tinha o melhor plantel do estado, vencemos por 2X1 com gols de Jurandir e de José Carlos e, 15 dias após na mesma Vila Operária, empatamos de 1X1, com gol de José Carlos”, contou.
De acordo com Raimundinho, depois dessa estreia pelo Santa Cruz, ele, Jurandi e José Carlos, viraram titulares do “Azulão do Piauitinga”, juntamente com outros novatos como Tael, (4º zagueiro de primeira linha), Carlos Dantas (lateral direito) e Adelson, o “Arauá”, que viria definitivamente ocupar a vaga de centroavante, em lugar do grande capitão ABC, que nessa época estava se despedindo dos campos de futebol, deixando saudades imorredouras e um rastro inapagável a ser seguido. “Nós, os benjamins, como o saudoso Dr. Jorge Prado Leite (o patrono do time) me tratava, por ser o mais novo de todos os outros, recebemos as bênçãos das consagradas ‘estrelas’ como Zé dos Santos, Valdomiro, Teninho, Tarati e João Cego, estes dois, os mais brilhantes jogadores de futebol de Sergipe em todos os tempos. O primeiro em qualquer posição da defesa e o segundo sem comparação do meio de campo ao ataque”, destacou Raimundinho.
No Esporte Clube Santa Cruz, com apenas vinte 20 anos, Raimundinho foi campeão invicto do interior e vice campeão do estado, perdendo a final no velho Estádio Aracaju, hoje, Batistão, por 2X0. “Nunca derramei lágrimas tão sentidas e nem lembro bem, que dentro do campo ainda o fabuloso ABC veio até a mim, como se fosse um tio e me abraçou dizendo: Levante a cabeça e enxugue as lágrimas, você tem um grande futuro, irá chorar de alegria". Depois disso renasci e entendi que ocasiões como aquela, só pode haver um vencedor, mas entre mortos e feridos, escaparam todos", recordou.
Raimundo disse que abandonou o futebol profissional, que segundo ele, estava engatinhando e, logo que foi convocado pelo Banco do Nordeste assumiu suas funções na cidade sergipana de Carira. “Fim de um período efêmero, mas que deixou profundas raízes através de seguras e boas amizades, sobressaindo aquelas feitas, quando pertenci ao valoroso esquadrão do ESPORTE CLUBE SANTA CRUZ, que o passar do tempo só fez com que crescessem e ficassem robustas”, destacou.
Formado em Direito em 1974, pela faculdade Federal de Sergipe, Raimundinho atuou no exercício da advocacia em várias comarcas de Sergipe, Alagoas, Bahia, Minas Gerais e Espírito Santo, inclusive foi advogado do Santa Cruz na Federação Sergipana de Futebol. Hoje encontra-se aposentado como chefe da Assessoria Jurídica do Banco do Nordeste do Brasil S/A.
Redação: Tribuna Cultural