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Sergipe

SAAE EM ESTÂNCIA: LUTA DE UM POVO

Publicada em 04/05/24 às 17:08h - 70 visualizações

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SAAE EM ESTÂNCIA: LUTA DE UM POVO
 (Foto: TRIBUNA CULTURAL)

Acrísio Gonçalves de Oliveira (*)

No ano em que a Cidade Jardim completa 403 de fundação, 193 anos de vila e 176 anos de elevação à cidade, decidimos contribuir com o debate sobre a “entrega” do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), um caro investimento público estanciano, ao capital privado, depois demais de 50 de sua criação. Ação que vem sendo repudiada pela sociedade organizada local, mostraremos um pouco do histórico de como foram as tensões para a conquista do saneamento da água estanciana ao longo das décadas. Nesse artigo vamos expor ao leitor como se deu a busca incessante de um povo pelo seu “serviço autônomo de água”, mesmo vivendo numa cidade portadora de muitas fontes e às margens de um dos maiores rios de água doce sergipanos.  

A vontade de dotar Estância com água encanada vinha de longas datas. Desde a década de 1940 que essa ideia era ventilada na cidade. Ao que tudo indica, foi em 1944 que esse sonho teve início quando o município era administrado pelo prefeito Arquibaldo Silveira. Nesse ano, ele já havia pavimentado algumas ruas da cidade e sua administração também discutia o projeto de construção do prédio dos Correios e Telégrafos, cuja planta se encontrava na prefeitura.

Naquele ano chegaram à cidade especialistas da Divisão de Serviço de Água e Esgoto, do Departamento de Saúde Pública e da Delegacia Federal de Saúde. Esses técnicos, juntamente com o prefeito, percorreram vários pontos estancianos tentando encontrar o melhor lugar que poderia servir de fonte de abastecimento. Foram ao rio Piauí e ao riacho do Cuí, que, como o primeiro, era de água cristalina. Existindo no município a Caixa Econômica, a ideia era tomar um empréstimo a esse banco para dar início à obra, ou que uma companhia particular assumisse os serviços. Infelizmente o projeto não foi adiante. Mas os estancianos nunca abandonariam a ideia por inteiro.

Nesse tempo, a água da cidade era fornecida de porta em porta pelos chamados “Aguadeiros”, que levavam o líquido em barris, utilizando-se para isso burros ou jegues. Porém, no verão, quando ocorriam longas estiagens, questionava a população se a água trazida pelos Aguadeiros era do rio Piauitinga ou se era das fontes, muitas vezes malcuidadas. Se a água fosse do citado rio, a situação era bem pior. Com pouco volume em seu leito, o lodo e a sujeira aumentavam deixando a população mais exposta ao risco de contaminação.

Enquanto o projeto da água encanada não se realizava, o tempo passava, e a população estanciana crescia. Só para se ter uma ideia, no começo dos anos 1940 a cidade possuía uma população de cerca de 18 mil habitantes, concentrando-se mais da metade na sede. Dez anos depois, Estância era a mais populosa do interior do Estado, com pouco mais de 20 mil habitantes. Destes, 70% já se concentravam na sede. Sem ver o sonho do referido projeto realizado, em 1960 a população estanciana chegava a quase 24 mil habitantes, e mais gente passaria a viver na cidade. Isso fazia com que a “rede” de abastecimento feita pelos Aguadeiros se tornasse ainda mais ineficiente e insatisfatória. O crescimento populacional era notável. A necessidade da água encanada inadiável.

Nos anos 1960, o tema “rede de água e esgoto” voltaria com força. Ele ainda mais se intensificou depois que um foco de esquistossomose passou a assombrar a cidade. O rio Piauitinga, outrora de águas límpidas, poetizado e romantizado, agora era berço de imundícies e viveiro de verminoses. Das dezenas de fontes de água potável que possuía a cidade e que continuavam a abastecê-la, só um diminuto número estaria fora de perigo, como a Fonte da Nambu, a Fonte do Caboclo e a antiquíssima Fonte do Coqueiro. Em fontes como Bica, Pedreira e Arame foram encontrados caramujos, transmissores da esquistossomose ou “barriga d’água”. Assim, a conquista da rede de água e esgoto seria fundamental para uma população que crescia e queria se ver livre das doenças causadas pela água. Afinal, no começo daquela década, de acordo com os estudos coordenados pelo Dr. Paulo Amaral, sanitarista da cidade, mais de 80% da população estava infectada por esquistossomose... (continua)

(*) Pesquisador, professor do Estado e da Rede Pública de Estância

 

 




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