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Sergipe

EM SANTA LUZIA DO ITANHY: A CRUZ DE 80 PALMOS!

Publicada em 16/08/24 às 17:23h - 139 visualizações

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EM SANTA LUZIA DO ITANHY: A CRUZ DE 80 PALMOS!
 (Foto: TRIBUNA CULTURAL)

*Acrísio Gonçalves de Oliveira

Em 1575 o Brasil dava os primeiros passos enquanto Santa Luzia do Itanhy era a primeira cidade sergipana que iniciava sua história. Ali, pelos rios Real e Piauí, tráficos de pau-brasil já eram feitos por franceses. Consta também que na região deram-se muitas lutas de portugueses com índios valentes da tribo tupinambá. Mas as armas venceram.

Em janeiro daquele ano, a comitiva dos padres portugueses Gaspar Lourenço e João Salônio, pertencentes à Companhia de Jesus, quando adentraram as terras da atual Santa Luzia do Itanhy logo se apossaram do novo espaço. Para demarcar o território, a pedido de Lourenço, indígenas da tribo tupinambá ergueram uma igreja de pindoba, onde foi rezada uma missa, presenciada pelos povos originários. Foi a primeira missa que se rezou em terras sergipanas. Mais tarde levantaram uma cruz com cerca de 80 palmos. Os jesuítas fundariam ainda a primeira escola de Sergipe, batizada de Escola de São Sebastião.

Gaspar Lourenço havia se ordenado em Salvador, começando na então primeira capital brasileira seu sacerdócio. Com as experiências que ele adquiriu, tornou-se especialista no trato com as nações indígenas. Sabia conversar com eles “dada a respeitosa estima e grande força moral que esse missionário desfrutava junto aos índios”, conta o Padre Aurélio Vasconcelos de Almeida em “Vida do Primeiro Apóstolo de Sergipe: Gaspar Lourenço”.

No ano 1975 Santa Luzia do Itanhy havia chegado aos 400 anos e na data o Estado se preparou para comemorar o início da colonização portuguesa em Sergipe. O governo, considerando a data como “importante”, decidiu celebrá-la. Como Estância fez parte de Santa Luzia, a celebração foi centrada nessas duas cidades sendo essa última aquela em que se deu “o primeiro núcleo civilizador de Sergipe”, como chegaria a afirmar a imprensa da capital da época. A comemoração teve como título: “IV Centenário da Colonização de Sergipe”. Uma comissão foi formada por representantes do Conselho de Cultura, da UFS, dentre outros, e a iniciativa objetivava estudar, discutir o assunto e propor trabalhos escolares sobre o tema para os estudantes sergipanos.

A cidade quatrocentona se preparou para as comemorações. Assim, para marcar a passagem de data tão “histórica”, foi erigido um monumento representando a “Cruz de 80 Palmos”, desta vez de concreto. A empresa responsável pela construção da obra demorou em torno de três meses para entregá-la pronta. Em sua inauguração estiveram presentes políticos como o então governador, Paulo Barreto de Menezes, além de autoridades eclesiásticas. Na cruz gigante uma placa foi afixada com os dizeres: “O Pe. Gaspar Lourenço, em fevereiro de 1575, implantando a civilização luso-cristã em Sergipe, levantou nestas plagas a primeira cruz com 80 palmos, celebrou a primeira missa e fundou a Aldeia de São Tomé onde, com o irmão João Salônio, abriu a primeira escola”. Aos pés da mesma cruz, uma missa foi rezada.

Passados quase 50 anos, pode-se perceber que nenhum benefício foi feito ao redor do monumento. A não ser uma ação cultural promovida pela Secretaria de Cultura, quando em torno da cruz levou ao público a peça “Encenação de Cristo”, realizada pela Companhia de Teatro São Pio Décimo, de Aracaju em 2016. Foi um sucesso. No ano seguinte, a encenação se realizou no Santuário da cidade. Tudo isso após um artigo que publicamos em 2015, no jornal estanciano Folha da Região, em que se refletia, dentre outras coisas, sobre o abandono do marco histórico. Depois disso, nada mais. Nem ao menos nas festividades fazem reluzir o triste cruzeiro. Nenhuma luz, nem aos pés, nem ao alto.

A Cruz foi colocada em terras da fazenda Triunfo no lado direito na rodovia que leva ao Crasto. No morro, no meio do capinzal, só não está mais abandonada porque, de tempos em tempos, algumas pessoas fazem ali orações. O marco histórico de 17 metros, quando desperta a atenção é apenas de longe ou simplesmente passa despercebido por quem visita a cidade. O grande cruzeiro, de frente posicionada para a Igreja Matriz (hoje Santuário) – que foi originalmente chamada de Igreja Nossa Senhora da Esperança - do ponto em que se encontra nos proporciona uma bela visão da cidade. Um cartão postal. Pena que todo esse cabedal tenha sido culturalmente ignorado por parte da cidade e pelo Estado.

(*) Pesquisador, professor do Estado e da Rede Pública de Estância

 

 

 




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1 comentário


Alcebíades Júnior

17/08/2024 - 17:35:33

Valeu ok! O único objeto que segura o tempo é a história .


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