Estância amanheceu consternada com a notícia do falecimento do senhor José Félix dos Santos, 92, ocorrido na noite desta sexta-feira, 15, data em que se comemorava a Proclamação da República.
José Félix estava bastante debilitado da saúde. Ele dirigiu por mais de trinta anos a Lira Carlos Gomes, participou de movimentos culturais da cidade, dirigiu a Rádio Esperança e coordenou por muitos anos o Festival de Música Popular Nordestina, promovido por essa mesma emissora estanciana.
José Félix é pai do Desembargador Gilson Félix. A Rádio Esperança prestou homenagem ao falecido durante toda sua programação deste sábado, 16. O superintendente da emissora. Dr. Ivan Leite externou seu sentimento num áudio, que foi veiculado de meia e meia hora e também a rádio tocou músicas clássicas em luto e pelo seu passamento.
O corpo do ex-diretor da rádio foi velado no PAF e por volta das 16 horas seguiu o cortejo fúnebre para o Cemitério de Nossa Senhora da Piedade, no qual foi sepultado.
BIOGRAFIA
O homenageado é natural da “cidade ternura” de Lagarto, berço natal dos intelectuais Silvio Romero e Laudelino Freire. Ele nasceu em 6 de abril de 1932. Filho de Manoel Félix dos Santos e de dona Maria Conceição.
Zé Félix, com apenas dois anos de idade, deixou Lagarto e veio com seus pais morar Estância em 1934, onde fixou residência num lugar chamado “Caminho do Porto”. Após alguns anos, Zé Félix, ainda menino, foi morar na Rua da Bahia, localizada no bairro Santa Cruz. Nessa localidade, ele fez amizade com Antônio Rosa de Jesus, conhecido como Varão, pai desse radialista que tece esse relato. “Eu e seu pai éramos como irmãos, crescemos juntos, vivíamos juntos, brincávamos juntos e servimos o Tiro de Guerra juntos”, destacou Zé Félix.
Quando jovem Zé Félix ajudou seu pai na sobrevivência diária, fazendo pães numa pequena padaria e também vendendo esses produtos alimentícios pelas ruas de Estância, e, montado no lombo de um burro, realizava a entrega nas usinas da região.
Ainda na juventude, Zé Félix foi trabalhar nas fábricas de Vidro São Domingos e de tecidos Santa Cruz. Ele chegou a estudar Música na Filarmônica “Recreio Estanciano”, que pertencia ao comerciante Zé de Porcino e que tinha como maestro o renomado Pedro Norberto.
Aos vinte anos de idade, Zé Félix mudou-se para São Paulo/Capital e por lá ingressou na Companhia Municipal de Transportes Coletivos, onde trabalhou por quase 16 anos.
No mundo esportivo, Zé Félix nunca atuou como jogador de futebol, mas foi (abre e fecha aspas) “um grande craque” nessa modalidade, quando se dedicou imensamente junto com Washington Santana e Dr. Pena, atuando na Diretoria do Santa Cruz Esporte Clube, com a finalidade de contratar os jogadores para o plantel do querido “Azulão do Piauitinga”, tendo como patrono o inesquecível Dr. Jorge Prado Leite.
Zé Félix contribuiu com a fundação do time Piauitinga Esporte Clube; foi fundador e presidente da Liga Estanciana de Desporto; colaborou com a Escola de Samba Mangueira; é sócio fundador do Rotary Clube; foi músico da Lira Carlos Gomes e por mais de trinta anos exerceu o ofício de presidente dessa mesma banda musical.
Zé Félix, na vida cultural de Estância, participou de diversas organizações artísticas e culturais desta cidade. Atuou por muitos anos na organização do Festival de Música Popular Nordestina, realizado pela querida Rádio Esperança. Colaborou para o funcionamento do Cinema Gonçalo Prado e também se filiou a partido político, chegando a ser candidato a deputado federal.
Através do Projeto de Resolução nº 10, de 16 de novembro de 1999, apresentado à época pelo vereador João Antônio Neri, Zé Félix foi agraciado com o Título de Cidadania Estanciana. E em 2017, foi lhe concedida a Medalha Parlamentar de Honra ao Mérito, através do Projeto de Decreto Legislativo nº 16.
Vale ressaltar que Título de Cidadão equipara a pessoa homenageada a uma adoção oficial. A pessoa agraciada passa a ser um irmão, um conterrâneo, uma pessoa da terra natal. Mesmo que um homenageado não tenha nascido ou não resida no Município, para que se lhe conceda tal homenagem, faz-se necessário que se diga o que o homenageado fez, sem visar lucros, interesses pessoais ou profissionais, em defesa do povo do Município que lhe concedeu tal cidadania.
O reconhecimento tem como base o Artigo 42, Inciso XXIII, da Lei Orgânica Municipal – "conceder título de cidadão honorário ou conferir homenagem a pessoas que reconhecidamente tenham prestado relevantes serviços ao Município ou nele se destacado pela atuação exemplar na vida pública e particular".
Casou-se com a senhora Idalice (já falecida) e desse casamento nasceram dois filhos, Gilson Félix (que hoje é Desembargador do Poder Judiciário de Sergipe) e Ivanilda, que já faleceu.
Zé Félix entrou para trabalhar na Companhia Sul Sergipana de Eletricidade Sulgipe no ano de1968 e por muitos anos atuou como Diretor da Rádio Esperança.
Hoje, aos 92 anos, já aposentado, Zé Félix continua residindo na Rua da Bahia, no bairro Santa Cruz.(Esta homenagem foi realizada por Magno de Jesus no dia 4 de junho de 2024
Redação Tribuna Cultural