Há exatos 65 anos, ocorria, em Estância, uma grande tragédia. O Tenente Aviador Eloivaldo Lima Silva – popularmente conhecido como Eloi - e seu irmão, Carlos Augusto, faleceram em um acidente aéreo.
O fato ocorreu no dia 23 de agosto de 1956, na região onde hoje se situa o distrito industrial de Estância. Conforme relatos, Eloi, em visita à sua terra natal, passou o dia sobrevoando a cidade com familiares. Por volta das 17h00, aterrissou a aeronave no aeroclube – situado na mesma região do trágico acontecimento.
Entretanto, seu irmão pediu para fazer mais um sobrevoo. Alçaram voo e no retorno para o ponto de origem, o avião – um North American Texas 6, muito usado para treinamento de pilotos – chocou-se violentamente no chão. Ambos os passageiros faleceram.
A tragédia causou grande comoção em Estância. Na primeira foto, vemos o cortejo fúnebre dos irmãos. Nela, aparecem figuras importantes da cidade, a exemplo de: Sinhô [irmão de ABC], Sr. Francisquinho, Dr. Humberto Ferreira [ao centro, à época Prefeito de Estância], Sr. Pedro Barreto Siqueira [sucessor de Dr. Humberto], Raymundo Silveira Souza [ex-prefeito], Dr. Clóvis Franco [SESP] e Dr. Carlos Leite [Juiz da Comarca].
Nas duas imagens seguintes, os destroços do avião cercados por curiosos.
Vale nota, ainda, que uma importante avenida da cidade recebe, atualmente, seu nome.
(Acervos: Família Siqueira; Dr. Aécio Cavalcante.)
ESCREVE JOSÉ CARLOS OLIVEIRA
O texto, bem como as fotos, do desastre aéreo de 1956 em Estância ocorreu nos meus 15 anos, quando ainda morava na minha cidade e ainda esta clara na minha memória.
Esses vôos do Eloi sobre a cidade chamaram muito a atenção de todos, pois nunca havíamos visto um avião sobrevoando a cidade.
O Carlinhos, como seu mais novo irmão era conhecido, era um garoto bem legal e morava com a família quase na esquina da Rua Leopoldo Amaral com a atual Praça Orlando Gomes.
Durante todo o dia, o assunto era o sobrevôo desse avião North American Texas 6, pilotado pelo nosso conterrâneo Ten. Eloi, em visita a familiares.
Eu fui ver o local do acidente e havia muita gente também por lá, relativamente perto da “cabeça do boi” como era mais conhecido o local.
Salvo engano, nesse local havia sido construída uma precária pista de vôo que o Bedóia, uma pessoa que projetou e foi responsável por muitas obras da cidade, entre as quais a estrada de terra inicial que ligava a cidade à Praia dos Abaís.
O que soubemos à época foi que já era um quase final de tarde quando o Eloi e Carlinhos estavam fazendo esse sobrevôo e era próximo ao por do sol, razão pela qual a visibilidade — era agosto e no inverno o por do sol ocorre mais cedo — já não era adequada para uma aterrissagem na referida precária pista de vôo.
Além disso, havia uma rede elétrica por perto do local da queda e o relato era de que o piloto tentou desviar-se desse obstáculo, mas perdeu o controle da aeronave, que não pode ser mais controlada e despedaçou-se no chão, matando os dois irmãos.
A comoção na cidade foi enorme.
Pelas fotos que você incluiu na sua mensagem no sepultamento deles ocorrido no dia seguinte houve um grande acompanhamento de pessoas, além das personagens às quais você se referiu e que eu facilmente reconheci.
A família deles, cujo patriarca não me lembro do nome, obviamente ficou muito consternada e com grande sofrimento pela perda de seus dois filhos, um deles com uma respeitada carreira na Aeronáutica e o outro um jovem com todo o futuro pela frente.
Não sei se há ainda parentes morando na cidade, mas tenho certeza de todos eles que vivenciaram essas duas perdas guardam para sempre nas suas memórias o ocorrido nesse fatídico dia.
Também acho que esse dia ficou sempre presente e na lembrança por todos os estancianos que moravam na cidade, como eu.
Achei por bem relatar esses fatos complementares ao seu bom texto sobre o desastre na cidade do dia 23 de agosto de 1956 no qual faleceram o Tenente Eloi e oi jovem Carlinhos.
Parabenizo-lhe pelo seu constante esforço de constante registro da história e da cultura da nossa Estância, pois um povo sem história e sem cultura é um povo sem futuro.
Abraços, meu amigo e confrade na Academia Estanciano de Letras (AEL).