noticias Seja bem vindo ao nosso site TRIBUNA CULTURAL!

Sergipe

AS LENHADORAS

Publicada em 25/09/25 às 10:12h - 72 visualizações

TRIBUNA CULTURAL


Compartilhe
Compartilhar a noticia AS LENHADORAS  Compartilhar a noticia AS LENHADORAS  Compartilhar a noticia AS LENHADORAS

Link da Notícia:

AS LENHADORAS
 (Foto: TRIBUNA CULTURAL)
O tempo é curto para tantos afazeres: lavar roupas, cuidar da casa, providenciar comida, encher os potes na fonte, trabalhar na malhada, debulhar feijão, cuidar das flores e dos bichos...

Para que chegue comida à mesa, é preciso ir à lenha, a fim de conseguir o mínimo possível para cozer os alimentos. O caminho é longo, repleto de obstáculos, sobretudo no que atine às forças já esgotadas por uma semana inteira de labutas.

Todo sábado à tarde, após a lavagem de roupa, cada mulher pega uma pequena foice e entra na mata, a fim de angariar gravetos, galhos maiores e já secos, para, aos feixes, bem amarrados, trazê-los até o terreiro da cozinha.

O trabalho é arriscado: bichos peçonhentos, mosquitos, animais selvagens, por vezes... Além disso, há feitores de fazenda que, armados até os dentes, tentam impedir a quebra da lenha, com ameaças concretas, ao apontar as armas para as pobres senhoras.

Ao cabo de uma tarde inteira, entre garranchos e espinhos, os feixes se formam e são içados à cabeça forrada com rodilha, para o retorno de cada uma das lenhadoras.

O caminho de volta exige passar por baixo de fios de arame farpado, sendo necessário arrear os feixes para em seguida os devolver à cabeça já flagelada pelo peso, que se vai tornando maior.

Em casa, a meninada faminta espera por comida. A lenha é o combustível do fogão para o preparo dos alimentos. Os braços fortes e franzinos, que lavaram roupa, quebraram garranchos e formaram feixes, poem-se em movimentos culinários para que o sagrado pão chegue aos filhos.

Essa luta interminável das mulheres campesinas supera a lógica de quem as vê de longe e, sem nada entender, sai dizendo que mulher não trabalha. Ao invés, são mais do que trabalhadoras: em cada corpo sofrido e abatido pelo cansaço, reside um espírito imbatível, solidário, sensível e providente, que faz de cada lenhadora uma espécie inexplicável de vida um tanto superior à média dos mortais. A força da mão que quebra o tronco parece não guardar proporção com a meiguice com que acaricia os rostinhos famintos dos filhos.

Por Jerônimo Peixoto - Historiador, memorialista, escritor e advogado



ATENÇÃO:Os comentários postados abaixo representam a opinião do leitor e não necessariamente do nosso site. Toda responsabilidade das mensagens é do autor da postagem.

Deixe seu comentário!

Nome
Email
Comentário
0 / 500 caracteres


Insira os caracteres no campo abaixo:








Nosso Whatsapp

 (79) 9.8156-8504

Visitas: 3860281
Usuários Online: 57
Copyright (c) 2025 - TRIBUNA CULTURAL - Fundada em 30/03/2001
Converse conosco pelo Whatsapp!