A maior parte dos vírus não é estável. Quando eles nos infectam, eles mudam, eles se adaptam a nós. Em relação aos coronavírus, eles são muito rápidos pra se espalhar e se replicar. Ele se copia e quando ele faz isso, acidentes podem acontecer. São pequenas mudanças na genética dele, o pedaço do vírus que o diz o que fazer. À medida em que o vírus cresce e produz centenas de milhares de cópias dele mesmo, ocasionalmente uma mutação, uma mudança pode acontecer. A maioria dessas mutações é insignificante, tem efeito zero no vírus, mas algumas vezes, as mutações dão ao vírus uma vantagem. Essa vantagem pode ser torná-lo mais infeccioso ou fazer com que o sistema imunológico tenha mais dificuldade pra detectá-lo. O que estamos vendo, em tempo real, é a evolução do vírus. Ele está se adaptando ao corpo humano e isso é parte causado pela infecciosidade e pelo sistema imunológico do corpo. Isso muda o vírus. Esse tipo de adaptação não é incomum.
O senhor acha que o Brasil será um grande experimento, levando-se em conta que essa variante está se espalhando por todo o país?
Acho que é muito importante que olhemos para os resultados da vacinação e as várias medidas pra controlar a infecção. Eu sigo dizendo - e é muito importante lembrar isso sempre - que o vírus, por mais que mude, ainda é transmitido da mesma maneira. Então é importante levar em conta todos os fatores que impedem a transmissão: o distancimento social, máscaras, lavar as mãos e se você está em lugares fechados, que sejam ventilados. Tudo isso também vai ajudar a diminuir a infecção com qualquer uma dessas variantes porque elas são transmitidas sempre de uma pessoa pra outra, exatamente da mesma maneira.