Mais de 700 mil espectadores, um recorde, compareceram aos quatro dias do festival de música MDLBeast Soundstorm na Arábia Saudita, apesar de um aumento dos casos de Covid-19, informaram as autoridades nesta segunda-feira (20).
A monarquia de petróleo do Golfo se abriu nos últimos anos para eventos culturais e esportivos internacionais, mas as ONGs de defesa dos direitos humanos veem nisso uma forma de instrumentalização do lazer para desviar a atenção sobre a repressão aos opositores e ativistas.
"A participação total alcançou 732 mil pessoas ao longo (dos quatro dias) do festival, um dos maiores do mundo", tuitou Turki al Sheij, que está à frente da autoridade de Entretenimento.
As ONGs pediram às estrelas internacionais, entre elas o DJ francês David Guetta, que boicotassem este evento que terminou no domingo, ou que denunciassem publicamente as violações aos direitos humanos na Arábia Saudita.
"Nunca antes vimos algo parecido em Riade - multidões, música, salas VIP e roupas que não estão de acordo com as tradições do país", afirmou uma mulher presente no festival.
Este macro-evento ocorreu em um momento em que a Arábia Saudita vivencia um aumento dos casos de contágio por Covid-19, com os temores sobre a propagação da nova variante Ômicron como pano de fundo.
A Arábia Saudita tenta - assim como outras monarquias do Golfo - diversificar sua economia ultradependente do petróleo e melhorar sua imagem.
No final de novembro, a ONG Human Rights Watch (HRW) pediu a Justin Bieber, Jason Derulo e A$AP Rocky, que lideravam o cartaz de um recital em Jidá, às margens do mar Vermelho, que "tomassem uma posição pública" sobre as violações aos direitos humanos no reino saudita.