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Brasil

"A REPÚBLICA NO BRASIL FOI UM PROCESSO TARDIO", DIZ HISTORIADOR

Publicada em 15/11/22 às 15:15h - 80 visualizações

Atribuna Cultural/Fundada em 30 de março de 2001.


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 (Foto: Atribuna Cultural/DIVULGAÇÃO)

Foi exatamente no dia 15 de novembro de 1889 que o Brasil colocou um ponto final no período monarquista - que teve início no ano de 1822 - e deu início à fase republicana, a partir da Proclamação da República.

Este foi um período que, apesar dos desafios enfrentados, teve a marca da busca pelo respeito à ‘coisa pública’ e a defesa da democracia com alternância do poder.

O F5 News conversou com o historiador José Vieira da Cruz, professor da Universidade Federal de Sergipe e sócio do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe (IHGSE), para buscar entender os caminhos que levaram a essa data e como a mudança influenciou em Sergipe. 

F5 News: Quais as motivações para que houvesse a proclamação da República? 

José Vieira da Cruz: O Brasil tornou-se uma das últimas Repúblicas proclamadas no continente americano. Esse processo ocorreu após indefinições na linha sucessória, disputas com a elite agroexportadora do café, desgastes junto aos setores militares e, principalmente, após as consequência do fim da escravatura sem as devidas políticas de reparação e inclusão social.

F5 News: Como tudo foi influenciando no país? 

JVC: O Brasil manteve a sua soberania política, territorial e constitucional estabelecida desde a emancipação política de 1882. Mas, na nova fase, estabelecida com a Proclamação da República, passou a conferir autonomia aos estados. Uma versão ‘abrasileirada’ do modelo implantado nos Estados Unidos da América no século XVIII. 

F5 News: Diante dessas mudanças, quais foram as reações das pessoas? 

JVC: A República no Brasil, a rigor, não envolveu amplamente a sociedade brasileira. Ela é considerada por alguns estudiosos um golpe de estado das elites militares e dos grandes proprietários de terra ligados à cafeicultura.

F5 News: Mas por quais motivos esses grandes proprietários de terras e as elites militares queriam a República?

JVC: Os cafeicultores estavam descontentes com o Império, por causa do fim da escravidão - sobre a qual eles organizaram a sua mão de obra não-remunerada. Já os militares, desde o fim da Guerra do Paraguai (12 de outubro de 1864 – 1 de março de 1870), buscavam mais espaço, ascensão e prestígio social junto ao Império, sobretudo, o oficialato.

F5 News: E qual foi o impacto da proclamação em solo sergipano? 

JVC: Em Sergipe, inicialmente, o poder político foi administrado por juntas provisórias formadas por republicanos e adesistas da nova ordem. Nesta nova fase, apesar das instabilidades, disputas, golpes, assassinatos e renúncias, o estado passou a ser administrado pelas elites estaduais e não mais por pessoas de outros estados indicadas pelo Império.

F5 News: Como foram eleitos os primeiros governadores republicanos em Sergipe?   

JVC: O primeiro governo republicano de Sergipe, após as juntas provisórias, indicado por decreto, foi o médico, humanista e historiador Felisbelo Freire (de 13 de dezembro de 1889 a 17 de agosto de 1890). Já o primeiro governo republicano, eleito pelo sufrágio universal, isto é pelo voto, foi Josino Odorico de Menezes (de 24 de outubro de 1902 a 24 de outubro de 1905). A respeito do sufrágio universal, ou seja, das eleições, apenas homens, maiores de 21 anos, alfabetizados e que não prestavam serviço militar ou estavam em ordens religiosas, podiam votar, isto é, um percentual muitíssimo pequeno da população.

F5 News: Em suma, o que a Proclamação da República representa hoje? 

JVC: A República no Brasil foi um processo tardio. E está associada às estratégias de prolongamento e/ou de não reparação das parcelas da sociedade escravizadas e não incluídas em termos econômicos, políticos e sociais, sobretudo, de índios, negros, pardos, quilombolas e ribeirinhos. Ela surge com muitas expectativas, desafios e esperanças quanto ao desenvolvimento nacional e à democratização do acesso à educação, à justiça social e à democracia, mas, como somos testemunhas, este tem sido um processo lento, com muitos reveses e aprendizados. Apesar das contradições e das expectativas ainda não cumpridas, a experiência republicana e democrática brasileira tem seus méritos, precisa ser conhecida e valorizada.

F5 News




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