O navio da ONG alemã Sea Watch recebeu autorização para atracar no Porto de Palermo, no sul da Itália, onde desembarcará 353 pessoas socorridas no Mar Mediterrâneo Central nas últimas semanas.
O grupo inclui 170 migrantes e refugiados salvos pelo barco Louise Michel, financiado pelo artista de rua Banksy e que chegou a ficar encalhado devido à superlotação.
"Estamos nos dirigindo para o Porto de Palermo, onde as pessoas serão transferidas para um navio colocado à disposição pelas autoridades para um período de quarentena", disse a Sea Watch.
A embarcação para o isolamento dos deslocados internacionais é uma balsa de passageiros arrendada pelo Ministério do Interior, em meio ao aumento do fluxo migratório no Mediterrâneo Central, entre o norte da África e o sul da Itália.
O líder da oposição, senador Matteo Salvini, de extrema direita, prometeu denunciar o governo. "Se esses enésimos 353 migrantes irregulares pisarem em solo italiano, nós depositaremos um segundo depois uma denúncia contra todo o governo por favorecimento à imigração clandestina", declarou.
Salvini está sob ameaça de processo por sequestro de pessoas durante seu período como ministro do Interior (2018-2019), quando impediu navios com migrantes resgatados no mar de atracarem na Itália.
Desde o início de 2020, o país já recebeu 19.379 deslocados internacionais via Mediterrâneo, segundo o governo. Isso representa um crescimento de 270% em relação ao mesmo período do ano passado.
Mais da metade é proveniente de dois países: Tunísia (7.890), no norte da África, e Bangladesh (3.043), na Ásia. Ainda assim, os números estão longe do auge da crise no Mediterrâneo Central. Em 2016, pico da emergência migratória, a Itália acolheu 181,4 mil deslocados internacionais resgatados no mar.
Devido ao recrudescimento da crise, o primeiro-ministro Giuseppe Conte convocou o governador da Sicília, Nello Musumeci, e o prefeito de Lampedusa, Totò Martello, para uma reunião em Roma nesta quarta-feira (2).
Situada a cerca de 100 quilômetros em linha reta da Tunísia, Lampedusa faz parte da região da Sicília e é a principal porta de entrada para migrantes e refugiados na Itália.
